Redação
Após uma longa e intensa temporada de seca, o Pantanal, a maior planície alagável de água doce do mundo, busca sobreviver aos graves efeitos dos incêndios e das perdas de sua vegetação nativa. Em entrevista ao g1, o ambientalista Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), discutiu os desafios e a necessidade de intervenções para salvar o bioma. “Precisamos de programas de recuperação ambiental, isso envolve plantio de mudas e proteção de áreas intocadas até que se recuperem. A tendência é piorar. Precisamos estar preparados para aumentar a resiliência do ecossistema”, afirmou Bocuhy.
Dados do MapBiomas indicam que o Brasil já perdeu cerca de um terço da cobertura vegetal nativa, sendo o Pantanal o bioma mais afetado. Em Mato Grosso, a área de cobertura vegetal caiu de 87% para 60%, e 82% dos municípios pantaneiros registraram perdas significativas de áreas naturais.
Para Bocuhy, a recuperação efetiva do Pantanal exige tanto um envolvimento maior do Estado quanto da sociedade. Ele destaca a urgência de tecnologias para detectar incêndios precocemente, além de mais apoio aéreo e maior capacidade operacional para combater as chamas. Outro ponto crítico são as áreas privadas que abrangem boa parte do bioma, onde é fundamental desenvolver ações de proteção e recuperação ambiental.
Além dos riscos à flora, Bocuhy alerta sobre as espécies endêmicas, que estão ameaçadas de extinção devido à degradação do habitat. Os incêndios constantes ameaçam espécies raras e afetam a dinâmica ecológica do bioma, prejudicando populações de onças, jacarés, tuiuiús e diversas outras espécies exclusivas do Pantanal.
Em 2020, o Pantanal viveu o pior incêndio de sua história, com 4,5 milhões de hectares queimados e cerca de 17 milhões de animais mortos. O impacto foi tão severo que, anos depois, a fauna e a vegetação locais ainda não se recuperaram totalmente. Pesquisadores estimam que aproximadamente 75 milhões de vertebrados e 4,6 bilhões de invertebrados foram direta ou indiretamente afetados.
O Pantanal abriga uma diversidade única, incluindo 3,5 mil espécies de plantas, 325 de peixes, 53 de anfíbios, 98 de répteis, 656 de aves e 159 mamíferos. Além de sua importância ecológica, o bioma funciona como regulador natural das enchentes, armazenando água durante as chuvas e ajudando a abastecer cidades no Brasil, Bolívia e Paraguai. Com altitudes que chegam a 150 metros, o Pantanal também representa um reservatório fundamental de água doce.
Nos anos 2000, a Unesco reconheceu o Pantanal como Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera, destacando sua relevância global. No entanto, diante das ameaças crescentes, a preservação deste bioma torna-se uma prioridade para garantir não só a sobrevivência de suas espécies, mas também a segurança hídrica da região.
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